sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Função e curva de demanda

Depois de compreendermos a teoria do valor-utilidade, o entendimento do comportamento do consumidor, em particular, e da demanda, no geral, impõe-se como uma tarefa prioritária. Como é a utilidade marginal de uma mercadoria que define seu preço e são as preferência e necessidades dos consumidores que definem a utilidade marginal de uma mercadoria, a análise da demanda dos consumidores e dos elementos que a configuram são uma das pedras angulares da ciência econômica.
Através da intuição e da observação empírica, os economistas neoclássicos indicaram que a demanda dos consumidores responde a uma série de variáveis. Mais obviamente, o preço de determinada mercadoria é fundamental, bem como os preços de bens substitutos, de bens complementares e a renda do consumidor. Como demandantes, nas suas decisões de consumo, pesam continuamente preços e utilidades, na prática o preço de todos os bens tem impacto na decisão de consumo de uma mercadoria específica.  Não menos importante são as preferências dos consumidores, que se transformam ao longo do tempo.
Matematicamente, ao gosto dos economistas neoclássicos, poderíamos definir a quantidade demandada de uma mercadoria (Qd) como uma função de seu preço (P), dos preços de outras mercadorias (P1, P2... Pn), da renda (R) e dos gostos e preferências dos consumidores (G). Assim, temos que 

Qd = F (P, P1, P2..., Pn, R, G) 

Mas como cada variável afeta a quantidade demandada? Aqui temos um problema para cuja solução os economistas desenvolveram um artifício: a hipótese ceteris paribus. Com o objetivo de avaliar o impacto da variação de apenas um item na quantidade demandada, supõe-se que todas as outras variáveis permaneçam constantes. Assim, supondo que permanecem constantes os preços de todas as outras mercadorias, a renda e as preferências dos consumidores, podemos avaliar o impacto das mudanças do preço na demanda pela mercadoria. Temos, então, uma curva negativamente inclinada.


Dada a curva que relaciona preços e quantidades demandadas, podemos voltar a pensar sobre os impactos das outras variáveis que compõe a função demanda. Um acréscimo na renda, por exemplo, resultaria em um deslocamento da curva de demanda para a direita: isso significa que, a qualquer preço, os consumidores demandariam uma quantidade maior dessa mercadoria (considerando um bem normal). O aumento do preço de um bem complementar deslocaria a curva para a esquerda; o de um bem substituto, para a direita. Conforme as preferências dos consumidores brasileiros se voltam para as cervejas artesanais, a curva de demanda dessas mercadorias se desloca para a direita; a do bem substituto (as cervejas industrializadas), para a esquerda.

Thiago Ferreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário